Polícia desvenda assassinato de advogado de Rio Verde por disputa de fazenda de R$ 100 milhões

Crime foi em outubro último em Rio Verde; mandante e executores são presos; crime foi planejado por mais de um ano com o uso de drones e rastreadores monitorando advogado

A Polícia Civil de Goiás revelou nesta segunda-feira (2) detalhes sobre o assassinato do advogado Cássio Bruno Barroso, 48 anos, ocorrido em 3 de outubro em Rio Verde. O crime, planejado ao longo de um ano, teve como mandante Mário Sérgio Ferrari, envolvido em uma disputa judicial com a vítima por uma fazenda em Água Boa, município do Mato Grosso, avaliada em R$ 100 milhões.

Segundo a investigação, a propriedade, adquirida por Cássio há anos, estava ocupada irregularmente por Ferrari desde 2006. A valorização da área, impulsionada pela construção de uma linha férrea e um porto seco, teria motivado o crime. O delegado Adelson Candeo revelou que, além de ameaças constantes, Ferrari mobilizou uma equipe para monitorar o advogado com drones, rastreadores e veículos.

A execução ocorreu em frente ao escritório de Cássio, na Avenida Eurico Veloso do Carmo, no Jardim Adriana. Câmeras de segurança flagraram o momento em que o advogado foi surpreendido ao entrar em sua caminhonete. Um atirador desceu rapidamente de um carro estacionado nas proximidades, disparou cinco vezes e fugiu no veículo dirigido por um comparsa.

Vítima era especialista em causas agrárias

Cássio era especialista em causas agrárias e representava os interesses de produtores rurais em disputas fundiárias. Ele havia acionado a Justiça em 2018 para reintegração de posse da fazenda. Ferrari, por sua vez, enfrentava denúncias de falsificação de documentos e utilização de seguranças armados para manter o controle da área.

Além de Cássio, outro advogado que atuava no mesmo caso também era alvo do grupo criminoso. “As ameaças eram constantes, mas a vítima acreditava estar segura em Rio Verde”, explicou o delegado.

Os presos

O planejamento meticuloso do crime envolveu pelo menos oito pessoas, todas já identificadas e presas. Entre os detidos estão Chester Batista e Allan Alves, apontados como executores diretos do homicídio. Ferrari, preso em casa, teria financiado toda a operação.

Após o assassinato, os criminosos abandonaram o carro usado na fuga, um Fiat Uno, e foram localizados pela polícia em menos de 24 horas. O delegado Candeo afirmou que o sequestro de bens dos envolvidos pode possibilitar reparações financeiras aos familiares da vítima.

Morte teve grande repercussão

A morte de Cássio gerou comoção e intensificou os debates sobre violência no campo e conflitos fundiários. A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) emitiu nota repudiando o crime e cobrando maior proteção para advogados que lidam com casos de alta complexidade e risco.

O crime também revelou a capacidade do grupo criminoso de operar com tecnologia avançada e recursos financeiros expressivos, aumentando a pressão sobre as autoridades para investigar outros casos similares.

A defesa dos acusados não foi encontrada para comentar as acusações. Segundo a polícia, Ferrari já havia ameaçado Cássio publicamente, o que reforçou sua implicação como mandante.

A investigação foi encerrada com a denúncia formal de todos os envolvidos, que agora aguardam julgamento.

Texto: Marília Assunção

Foto reprodução Tv Anhanguera

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