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Justiça mantém prisão de pai e filha por agressão a médica e morte de idosa em hospital

Enquanto a profissional era atacada, Arlene Marques da Silva, de 82 anos, considerada uma paciente grave no Hospital Municipal Francisco da Silva Telles (HMFST), passou mal e morreu.

18/07/2023

A Justiça do Rio manteve, na tarde desta terça-feira (18), durante audiência de custódia, a prisão de André Luiz do Nascimento Soares, de 46 anos, e sua filha, Samara Kiffini do Nascimento Soares, de 23.

Os dois, que tinham sido presos em flagrante no último domingo (16) por agressão a uma médica e pela morte de uma idosa em um hospital do Rio, tiveram a prisão convertida em preventiva.

Sanda Lúcia era a única médica no plantão na madrugada de sábado (15) para domingo no Hospital Municipal Francisco da Silva Telles (HMFST), em Irajá, na Zona Norte do Rio.

A profissional foi agredida a socos e pontapés pelo homem que procurou a unidade de saúde por causa de um corte no dedo. Revoltados com a demora no atendimento, pai e filha depredaram a unidade e espancaram a médica.

Enquanto a profissional era atacada, Arlene Marques da Silva, de 82 anos, considerada uma paciente grave que estava internada na sala vermelha, passou mal e morreu.

O caso

Segundo a polícia, André chegou ao hospital com um ferimento sem nenhuma gravidade. Ele estava acompanhado da filha.

Ao entrarem na unidade de saúde, funcionários pediram que eles aguardassem, pois havia pacientes em estado mais grave em atendimento.

Insatisfeitos com a demora, pai e filha teriam começado a quebrar a unidade de saúde, agrediram a médica de plantão – que teve corte na parte interna da boca e precisou receber cinco pontos -, e invadiram a sala vermelha da unidade, onde ficam os pacientes em estado grave.

Testemunhas contaram que André ficava com as mãos para trás, fazendo menção ao fato de estar supostamente portando uma arma.

A situação causou um caos no hospital, levando até um paciente com infarto agudo do miocárdio a sair da sala de atendimento com a coluna de soro para se esconder no banheiro.

Uma paciente em estado grave, que estava sendo monitorada pela equipe médica, acabou ficando sem acompanhamento por conta das agressões e da destruição do ambiente. Quando os profissionais de saúde conseguiram chegar até o paciente para verificar o seu estado de saúde, ela estava morta.

Pai e filha estão presos por homicídio doloso com dolo eventual da paciente que foi a óbito, e também podem responder por dano ao patrimônio público e desacato. André também vai responder por lesão corporal.

Segundo o delegado, André teve um ataque de fúria e começou a depredar o hospital com ajuda da filha.

“Diante dessa confusão, a medica que estava na sala de atendimento foi saber o que estava acontecendo. Foi ofendida, foi agredida, recebeu soco no rosto. Por causa desse soco, ele teve um corte na parte interna da sua boca, onde ela precisou tomar quatro ou cinco pontos. Ela cai no solo, ele chutou ela no chão junto com a sua filha, a Samara”, relatou Omena.

A confusão causou correria na ala de pacientes graves do hospital. Quando a situação se acalmou, os policiais voltaram ao local.

“Ao retornarem à Sala Vermelha, encontraram uma paciente que estava mais grave. Ela estava sendo monitorada o tempo todo pela equipe medica, e foi encontrada já em óbito por conta dessa ausência de atendimento e acompanhamento médico”, contou o delegado.

“É inadmissível uma conduta dessa onde, por uma situação banal, onde não houve ausência de atendimento, ele causou um dano patrimonial naquilo que é o pronto socorro das pessoas, onde salvam vidas. Eles tiraram a vida de uma pessoa por conta desse ato irresponsável”.

Defesa alega atendimento precário

O advogado de pai e filha presos, Cláudio Rodrigues, alega que houve uma confusão generalizada no hospital, e que não se sabe a origem da briga.

Ele disse ainda que uma das rés também está machucada, com hematomas pelo corpo, e que há um atendimento precário na unidade, com apenas uma médica e pouquíssimas enfermeiras.

“Inicialmente a defesa entende, com a máxima vênia, que acusar os réus de homicídio de um paciente que já estava internado naquela unidade, possivelmente com um quadro clínico ruim, é forçoso demais. Réus esses que também estavam naquela unidade desesperados por um atendimento que não alcança”, afirmou o advogado.

Fonte: G1

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